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19 de Abril de 2024

Renda, estudo e região separam eleitores de Lula e Bolsonaro

Simpatizantes de deputado são, em maioria, homens com até 34 anos

Publicado por Caio Rivas
há 7 anos

SÃO PAULO - Analisados sob a ótica de renda familiar, escolaridade, gênero, idade e região, simpatizantes de Lula e votantes de Bolsonaro estão em polos opostos. É o que mostram os resultados da pesquisa Datafolha sobre intenção de votos para 2018 que apontou Lula, do PT, na liderança da corrida, com Marina Silva (Rede) e Jair Bolsonaro (PSC) tecnicamente empatados em segundo lugar.

Considerando-se um entre os seis cenários testados pelo instituto, Lula tem nas mulheres a maioria de seu eleitorado. Já o deputado federal deve aos homens sua projeção. Dos eleitores de Bolsonaro, um terço tem até 24 anos, enquanto que Lula tem o dobro de eleitores entre os com mais de 60 anos. O petista tem sua melhor performance entre aqueles que completaram o ensino fundamental. Dos apoiadores de Bolsonaro, quase um terço tem ensino superior. O eleitor de Lula tem forte identidade partidária, enquanto os de Bolsonaro não são apenas apartidários, mas refratários a partidos políticos: 73% deles dizem não confiar nas agremiações, o maior índice da pesquisa, descontados os entrevistados que declararam votar nulo ou branco.

Os simpáticos a Bolsonaro estão no sudeste e os de Lula, no Nordeste. Os eleitores de Lula são pobres — mais da metade têm renda familiar de até R$ 1.874. Dos que declararam escolher Bolsonaro, apenas um quarto está nesta faixa de renda. O cenário sugere que classes econômicas e sociais podem vir a se traduzir, em 2018, em classes políticas claras.

— De um lado estariam os lulistas, aqueles que se beneficiaram das políticas sociais do governo Lula, mas que não necessariamente são partidários do PT. Do outro, surge um eleitorado que tende à extrema direita, que busca uma ação forte, uma imposição da vontade, típicos de movimentos como o visto com o presidente americano Donald Trump — afirma o cientista político Cláudio Gonçalves Couto, da Fundação Getúlio Vargas.

Os atores políticos têm vocalizado essa polarização. Lula afastou-se do perfil “Lulinha Paz e Amor” que o levou à Presidência em 2002, depois de ter angariado a simpatia de empresários e banqueiros com o tom ameno adotado na “Carta ao Povo Brasileiro”. Questionado em entrevista ao SBT na semana passada se o mercado financeiro deveria temer uma guinada à esquerda em um possível retorno seu à Presidência, Lula respondeu:

— O mercado pode temer sim, sabe por quê? Porque o Banco do Brasil vai voltar a ser banco público, porque a Caixa Econômica vai voltar a ser banco público, porque o BNDES vai voltar a ser banco público.

Do outro lado, o tom elevado de Bolsonaro, que já defendeu o fechamento do Congresso, segundo ele para vocalizar uma indignação popular, e defendeu “porrada” para combater a violência tem conquistado a simpatia de uma parcela cada vez maior do eleitorado.

— Há um grupo aí que chega a um quinto do eleitorado e que tendia ao PSDB por falta de opção. Agora, eles optam por Bolsonaro e podem puxar os partidos de centro mais para a direita — afirma Couto.

ELEITORADO DE MARINA

Isso explicaria o tom cada vez mais assertivo do prefeito de São Paulo, João Doria (PSDB), que tem se posicionado claramente contra movimentos como a greve geral, a favor da reforma trabalhista e em oposição a Lula. Doria, que desponta como um dos presidenciáveis tucanos com maior chance de eleição, já que a elite do partido foi atingida pela delação de executivos da Odebrecht, pode atrair para si não apenas eleitores centristas, mas retirar de Bolsonaro parcela de seus simpatizantes. Com o propósito de ser terceira via, Marina Silva aglutina um eleitorado de características híbridas: liberal na economia e esquerdista em questões sociais. Em um cenário de polarização crescente, Marina pode acabar desidratada na disputa entre os dois lados por eleitores que desequilibrem a disputa.


Fonte: https://oglobo.globo.com/brasil/renda-estudo-regiao-separam-eleitores-de-lula-bolsonaro-21286515

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Disponível em: https://www.jusbrasil.com.br/noticias/renda-estudo-e-regiao-separam-eleitores-de-lula-e-bolsonaro/454405709

5 Comentários

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Datafolha não é entidade confiável. Já deu barrigadas só explicáveis por manipulação ou direcionamento de pesquisas. Não é exclusividade desse instituto. Outros igualmente dirigem-se para onde sopra o vento e corre a água verdinha...

Disseram por ex. que Trump não se elegeria. Também afirmaram que Doria não chegaria ao segundo turno em Sampa e ele venceu no primeiro turno. E outras.

Agora, dizer que a ex-senadora Marina Silva ficará desidratada, é previsão aparentemente válida. continuar lendo

"disseram por ex. que Trump não se elegeria..."
Olha, nenhuma pesquisa diz se alguém se elege ou não. São apenas índices que mostram tendências de maior ou menor probabilidade dependendo da amostra e da população onde foi extraída. E eu não lembro de nenhuma pesquisa realizada pela Datafolha sobre a eleição americana. Até procurei agora e não achei nenhuma. Na Folha houveram sim bastante notícias sobre pesquisas realizadas lá nos EUA dizendo que a Hillary tinha mais chances de ganhar, mas nenhuma realizada por eles, até por que não faz nem muito sentido um instituto daqui realizar pesquisa de intenção de voto com eleitores de outro país sobre a eleição deles. continuar lendo

"Apenas índices" diz você. Insisto: índices manipulados. Todos sabem das tendências dessa Organização. E não me peça "provas". Esta, como a sua meu caro, é uma opinião. Não lastreada em pesquisa "científica", mas sim empírica, porém analítica e com uma única parcialidade: sou brasileiro e ainda acredito na Nação. (Não sei até quando)

E divulgar pesquisas americanas que afirmavam a "tendência" de vitória de Hillary, é significativo. Lá como aqui e em qualquer lugar, as pesquisas influenciam e muito, o voto dos eleitores, especialmente dos indecisos, mas até dos em princípio decididos e que não pensam muito. Só que se deram mal, pois a sede de alavancar a candidatura da trapalhona Democrata foi maior que a prudência. continuar lendo

Boa matéria. continuar lendo